sábado, 13 de julho de 2013

Na estante: A Visita Cruel do Tempo


Desde o episodio de Friends, em que descobrimos que Joey coloca sua copia do livro "O Iluminado" no freezer, a gente adotou a expressão “livro de geladeira”.  O que isso significa? Quando um livro nos afeta de uma maneira positiva ou não, que faz a gente sofrer... O que a gente fala?  Posso colocar o livrinho na geladeira? E A Visita Cruel do Tempo, sem duvidas frequentou a minha.

Lançado em 2011 e vencedor do cobiçado prêmio Pulitzer, A Visita Cruel do Tempo, é sem duvida, uma grande obra da literatura adulta. O livro reúne histórias de personagens entre a década de 70 e o final da atual formando uma teia entre eles e traz como plano de fundo uma nem tão glamurosa indústria musical.

Seria um erro tentar resumir a intrincada trama de A visita cruel do tempo numa resenha, mas convém situar alguns marcos temporais. O “primeiro” fica nos anos 1970 em que o quarentão Lou, produtor musical de sucesso, usuário de drogas e altamente sedutor, aparece ao longo de dois capítulos-contos num safári na África (provavelmente a história menos bem-sucedida do livro) e esbarrando, por meio de uma nova conquista amorosa adolescente, com uma turma de jovens punks de São Francisco, já no limiar dos 1980. Dessa galera fazem parte Bennie, sucessor de Lou e destinado a comandar indústria musical até cair devido poder da era digital; e Scotty, um guitarrista brilhante, maluco e fracassado que se tornará um improvável ídolo dos bebês – o novo público-alvo do pop, numa piada que só pode ser chamada de genial, no futuro agridoce em que o livro termina em algum momento depois de 2020.

O livro gira em torno da passagem do tempo e de como somos afetados por ele, como nossos sonhos morrem, como deixamos de ser o que éramos e nos tornamos pessoas diferentes, como a vida dá voltas inesperadas e quando menos imaginamos seguimos em frente e descobrimos novas prioridades que podem justificar tal mudança do rumo do tempo. Cruel, como diz o título e que nos faz seguir em frente.

Com capítulos que prendem o leitor e nos deixa curiosos para saber o desfecho de cada personagem, Jennifer Egan apresenta um livro com texto impecável e muito bem amarrado. Cada capítulo, cada personagem – ora principal, ora coadjuvante – formam um cenário maior, que mostra a passagem dos anos para cada um deles, suas histórias e o que levou cada um para onde está e as situações que influenciaram para que chegassem naquele determinado momento.

Embora não seja um exclusivo romance rock, as citações incendeiam as paginas que vão de ícones do punk como The Cramps e Black Flag a grupos mais darks como The Sleepers e Crime. A canção tema do livro fica por conta de Iggy Pop e seu hino “The Passenger”, uma das canções que inspiraram a autora em suas horas de escrita.




O power point do trabalho escolar de Alison.

O livro vale à pena e precisa ser lido. Além de divertir e emocionar faz com que a gente olhe para o lado e nos questiona se é realmente isso que queríamos ser. Nos faz pensar em qual momento podemos mudar o rumo do tempo. E se é que isso é possível. Afinal das contas “o tempo não para”.

xoxo
B


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